A Provedora de Justiça de Angola, Florbela Araújo, defendeu, em Luanda, a necessidade de as instituições públicas e privadas incluírem psicólogos, para dectetar os funcionários que estejam a passar por algum trauma e rapidamente serem assistidos e consequentemente melhorar o desempenho no trabalho.
Florbela Araújo falava durante o lançamento do curso de Formação de Formadores sobre a Resiliência ao Trauma Liderada pela Comunidade, realizado em parceria com a Provedoria de Justiça, Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) e a Escola Nacional de Administração e Políticas Públicas (ENAPP).
De acordo com o programa de formação, o curso é realizado até dia 27 de Junho, onde serão abordados temas ligados ao “Transtorno de Ansiedade Generalizada”, “Transtorno de Estresse Agudo”, “Termo de Consentimento Livre e Esclarecido”, e “Transtorno de Estresse Pós-Traumático”.
O objectivo da formação é criar uma rede de suporte robusta e resiliente, capaz de construir capacidade de resposta a traumas e promover o bem-estar colectivo dos cidadãos.
A provedora realçou que muitas das vezes, as pessoas não percebem os traumas que os outros vivem, por essa razão, é necessário que o funcionário conheça a pedagogia e psicologia, para poder conseguir detectar quando alguém apresenta esta patologia, porque pessoas traumatizadas, dificilmente, conseguem trabalhar.
“Lidar com um cidadão é complexo, por isso, esta formação vai fazer com que os funcionários compreendam qual é o trauma que as pessoas carregam, sejam eles de fórum familiar, ou casos de violação e divórcio, que muitos são solicitados na Provedoria”, disse.
Florbela Araújo reconhece que apesar da Provedoria, ENAPP e o PNUD, partilharem caminhos diferentes, estão unidos por objectivos comuns, sendo que o propósito é servir melhor o cidadão, uma parceria que começou no âmbito do projecto das audiências virtuais.
A formação, considerou, é importante e pertinente, tendo em conta que a Provedoria de Justiça, diariamente, no desempenho das suas funções, acolhe relatos de pessoas que passam por situações profundas e difíceis, cujo sofrimento, muitas das vezes invisível, exigindo uma escuta qualificada, com empatia, postura ética e firmeza.
O Provedor de Justiça, disse, é, nos termos da Constituição da República de Angola e da Lei Orgânica do Estatuto do Provedor de Justiça, uma entidade pública e independente que tem como objecto a defesa dos direitos, liberdades e garantias dos cidadãos.
Por esta razão, sustentou, atendendo que o cidadão carrega, muitas vezes, sobre si, o pesado fardo de profundos traumas adquiridos ao longo da sua história, fica marcado e ferido por dramas desconhecidos, pelo desalento e pela frustração, que lhe fazem perder o sentido da própria vida.
Nestas circunstâncias, esclareceu, o Provedor de Justiça, assim como todos os seus colaboradores, são chamados a transmitir, através de técnicas científicas e sustentadas, o alento necessário e os meios de mitigação deste fenómeno de dor.
Com esta formação, explicou a provedoria, pretende-se incentivar o carácter multidisciplinar das matérias e assuntos submetidos ao Provedor de Justiça, que exige uma resposta multidisciplinar, mas para o efeito, os técnicos têm de ser capacitados para os grandes desafios, no sentido de terem um olhar holístico dos problemas sociais, que se apresentam à margem dos marcos legais, e que impactam profundamente a qualidade de vida dos cidadãos.
A provedora de Justiça assegurou o compromisso de tudo fazer para elevar cada vez mais os níveis de conhecimento multifacetado, porque a preocupação de melhor servir o cidadão, passa pelo conhecimento.
“Espero que estes intensos momentos sirvam para reflectirmos, aprendermos juntos e sairmos mais fortes para garantir melhor serviço ao cidadão, tendo em conta o nosso lema, O Cidadão é a nossa preocupação, O Cidadão é a nossa ocupação”, sublinhou.


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